💧 Buybacks

Os recompradores de ações, o que rolou mundo afora (Twitter, Peloton, Netflix, Universal), empresas de mídia camufladas, o que rolou Brasil adentro (Pulses, Mynt, LiVup, Arthur Mining...)

Morning, Dropers!

As bolsas chinesas voltam a abrir hoje depois de um feriado prolongado e o mundo inteiro assiste com atenção o episódio Evergrande da temporada do Mercado Imobiliário - as primeiras temporadas foram de Tecnologia e Educação.

Enquanto isso, na edição de hoje:

The great buyback: os recompradores de ações

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O que? Buyback, ou recompra de ações, é uma manobra financeira que ocorre quando uma empresa listada na bolsa de valores compra as suas próprias ações. Defendida por grandes investidores como Warren Buffet, a prática caiu nas graças principalmente das gigantes do mundo tech depois da bolha de 2008.

Porque? empresas com dinheiro em caixa precisam dar um destino a tais reservas. Normalmente investe-se de volta no próprio negócio (contratações, pesquisa & desenvolvimento, construções) mas, outra forma de entregar valor aos acionistas é fazendo suas ações valorizarem.A prática se tornou mais comum após a bolha tech de 2008, quando as empresas perceberam que diminuir a exposição ao mercado de ações funcionava como um mecanismo de defesa das flutuações e aumento do valor das ações.

  • Valor: como o número de ações disponíveis para negociação do público em geral diminui, o valor unitário das ações tende a aumentar (win for shareholders)

  • Propriedade: um acionista antes possuía 1 ação de 10 (10%). Agora ele pode ser dono de 1 ação de 5 (20%).

Os maiores buybackers:

  • Microsoft, que tem uma reserva de U$130bi, aprovou um buyback de U$60bi de ações, além do aumento dos dividendos.

  • Apple, a maior recompradora, também apresentou planos de recomprar U$50bi das suas ações este ano. No total, a maçã mordida já investiu U$450bi, desde que começou as recompras em 2013.

  • General Eletric, anunciou a compra de U$50bi das suas próprias ações em abril deste ano.

  • Proctor & Gamble se comprometeu a comprar U$30 bi das suas ações em circulação

Zoom out

Ao recomprar as próprias ações, empresas deixam de investir na linha de produtos e serviços e diminuem a tomada de riscos. Com o “novo normal” - empresas com valuation de +2 trilhões e as recompras chegarem a níveis astronômicos de bilhões - a prática tem chamado atenção dos reguladores, que propuseram uma tx de 2% em cima dos buybacks. Como disse Buffer, citando Mae West: “Muito de uma coisa boa pode ser... maravilhoso”.

O que rolou mundo afora

  • Twitter: concordou em pagar U$809mi para liquidar uma ação alegando que a empresa maquiou os dados e engajamento em um report de 2015

  • Peloton: a bicicleta ergométrica cara e interativa, lançou um site para expandir no mundo B2B através da venda para academia de hotéis e condomínios.

  • Netflix: consegue combinar a vontade de crescer com a capacidade de se adaptar localmente como poucos. Essa semana, lançou uma versão gratuita da plataforma no Kenia.

  • Universal: a gigante da indústria da música, estreiou ontem na bolsa de Amsterdã e precisou de um dia para se tornar o maior IPO do ano na Europa. As ações valorizaram 40% no primeiro dia, chegando a um valuation de U$55bi.

Empresas de mídia camufladas…

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Nos anos 90 ter um site era um diferencial competitivo. Nos anos 2000, ter um blog. Nos anos 2010, ter presença nas redes sociais. Já anos 2020… ter o seu próprio braço de mídia.

Grandes players do mercado já perceberam isso: a fintech Stripe com o Stripe Press. A firma de venture capital a16z com o Future by 16z. A martech HubSpot com a compra da newsletter The Hustle ou o app de investimento Robinhood com a newsletter Snacks.

O caso da Harvard Business Review (HBR)

Criada em 1922, o braço de mídia da maior universidade do mundo levou +25 anos para atingir o breakeven. Uma aposta polêmica e inovativa na época, que tem se mostrado cada vez mais certa.

O braço de mídia da Harvard Business School atua em três frentes: educação, treinamento corporativo e reviews. Dentro desses três pilares, encontram-se os mais diversos formatos de conteúdo: publicação de livros, seminários, workshops, cursos online, podcases, simuladores (games), loja online…

Atualmente, são 340k assinantes anuais, ~9milhões de visitantes mensais no site gerando uma receita em 2020 de U$262 - ou seja, 30% da receita total da Harvard Business School não vem das aulas, e sim dos conteúdos.

Comparações no mundo da mídia:

- NYT: receita de U$1.8bi, 4700 funcionários, - The Economist: receita de U$429mi, 2500 funcionários;- HBR: receita de U$262mi, 450 funcionários;- Forbes: receita de U$180mi, 450 funcionários;- Fortune: receita de U$100mi, 825 funcionários;- Axios: receita de U$58mi, 300 funcionários;

Apesar de não ser puramente uma empresa de mídia, a HBR performa melhor que todas as marcas nativas no quesito receita por funcionário: U$582k, seguido pela Forbes (400k) e NYT (383k).

Zoom out

Transformar um centro de custo (marketing) em um de receita permite que empresas deixem de gastar para gerar grana. Como se isso não fosse uma proposta de valor atraente o suficiente, os benefícios vão além: permite o controle da narrativa por parte da empresa, a construção de autoridade em um nicho específico, geração de oportunidade para os demais negócios, etc…

O que rolou Brasil adentro

  • Pulses, a rhtech que entrega uma plataforma de gestão de pessoas para empresas, capta R$3mi.

  • BTG Pactual se torna o primeiro banco brasileiro a lançar sua própria plataforma de cripto moedas, a Mynt

  • LivUp, a foodtech que entrega comida congelada saudável, engorda o série D para R$230mi depois de adicionar mais R$50mi da Globo Ventures

  • Arthur Mining, a mineradora de bitcoins “verde”, capta U$2mi em um seed round liderado pela Green Rock e Fuse Capital

  • Origin, a edtech de educação financeira com presença nos EUA e Brasil, levanta R$290mi em nova rodada de investimento e passa a valer +R$2bi

  • Sprout, a fintech que permite brasileiros investirem no mercado de ações americano, capta rodada de R$27mi.

Contra dados não há argumentos

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