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🎤 Drop the Mic: Otávio Dutra
Co-Founder da Zaya
Se as lesões no joelho afastaram Otávio Dutra de uma de suas grandes paixões, o futebol, ao menos ele ainda pode praticar a escalada e passear com sua labradora Maluca (Malu, pros íntimos).
Formado em Economia pela USP, natural de Ribeirão Preto, torcedor do Botafogo-SP, Otávio passou parte da sua infância em São Carlos, onde seus pais lecionavam. Mas desde os 18 anos reside em São Paulo, onde já passou a maior parte de sua vida até aqui.
Filho de professores de Engenharia e Arquitetura na USP, Otávio é co-fundador da Zaya, ao lado de sua sócia e também co-fundadora, Isabela Basso. Juntos, eles prometem acelerar a jornada de sustentabilidade de empresas, por meio de seu software de gestão ambiental.
Otávio, the mic is yours.
🎤 Como é uma clássica segunda-feira na sua vida?
Otávio: Minha segunda começa no domingo à noite, mas muito leve, dou só aquela recordada nas coisas da semana anterior. Na segunda-feira propriamente, acordo às 7h30. Não sou do “5 a.m club”, piscina de gelo, papo de coach…
Acordo, passeio com a Malu e tomo café. Vou sentar na frente do computador às 8h30 pra escrever o que vai ser a semana do meu time especificamente, e também o que eu queria pra Zaya, obviamente isso também bato isso com a Isabela (co-founder).
Segunda é o dia que começo mais lento. Conforme vou vendo as coisas acontecendo ao longo da semana, vou me animando, pegando no tranco.
🎤 Por que você faz o que faz?
Otávio: A gente tem que ser um pouco doido e “sonhático” pra achar que tudo tem uma solução. E também tem que ser meio egocêntrico pra pensar algo como “faz 30 anos que a galera tenta mensurar inventário de carbono, mas estão fazendo errado, eu vou resolver”. Tem um elemento de ego também.
Mas a verdade é que eu adoro problemas difíceis. Comecei minha carreira trabalhando em como aumentar a conservação ambiental na Amazônia, passei disso para softwares de desmatamento global…
Agora me anima muito juntar o time pra tentar resolver mais esse problema difícil.
🎤 Qual é o comportamento ou característica do seu mercado que mais te incomoda?
Otávio: Acho que a emergência climática está tão latente na conversa, que quando a empresa decide fazer alguma coisa, quer a solução inteira, de uma vez só. Isso me incomoda profundamente, porque assim, se você não fez nada em relação a mudanças climáticas nos últimos 20 anos da sua companhia, você não vai resolver isso em um ano. Então tem uma distância muito grande entre ação e discurso. E o outro cenário é que também não querem pagar para resolver. Querem resolver tudo de uma vez, mas também não quero pagar.
Precisam entender que é um processo, assim como aconteceu com todas as outras áreas das empresas, como a área jurídica ou o RH. Então a gente fala muito com as empresas sobre o processo… é começar devagar, é ir incorporando essa visão de sustentabilidade e expandindo.
🎤 Imagina que você só pode usar a Zaya para mudar uma indústria ou segmento, qual seria? Qual você considera mais importante/urgente?
Otávio: Olhando para o que a gente faz, eu diria, de bate-pronto, que seria o setor de energia e petroquímico, pelo maior número de emissões.
Mas falando de um setor que globalmente tem um impacto muito forte, é o agro. Quando você olha para mudanças climáticas, especialmente pensando no Brasil, o agro é um grande emissor.
E ele também deveria ser o mais beneficiado por uma gestão bem feita, então existe esse um contra-senso do mercado, porque todas as latitudes, na mesma altura do Brasil, são desertos, no mundo inteiro. Mas a gente tem uma bomba d'água, a Amazônia, que permite que a gente seja a maior potência agrícola do planeta Terra, e a gente está lentamente aterrando a nossa mina d'água. Essa gestão climática bem feita seria mais importante para o nosso agro.
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🎤 Se o seu time precisasse eleger a característica mais irritante de trabalhar com você, o que você acha que falariam?
Otávio: O que eu sei que o meu time mais próximo se incomoda bastante é que eu documento muito pouco as nossas conversas e combinados. A gente tem uma comunicação muito verbal e muito corrida, e eu tenho uma característica de ter uma memória muito boa, eu esqueço muito pouco as coisas que eu falei para eles.
Por isso que eu documento pouco. Só que eles não têm obrigação de lembrar de tudo. Então eu deveria estar documentando.
🎤 Qual é a principal diferença entre o Otávio do escritório e o Otávio em casa?
Otávio: Na minha vida profissional eu sou bem mais analítico. Na vida pessoal eu sou mais “deixa a vida me levar”. Topo qualquer coisa…
Nas questões profissionais eu sou bem mais “crica”. Eu sou bem mais paranóico com as coisas estarem no lugar e fazendo sentido lógico do que na minha vida pessoal.
Na minha vida pessoal, uma cervejinha e meia hora de boteco, a gente resolve qualquer coisa.
🎤 Qual é o seu fracasso favorito ou o que te ensinou mais?
Otávio: Cara, eu tenho zero fracassos favoritos, tá? Eu odiei todos eles, em cada momento que eles foram acontecendo.
Mas eu fechei uma startup, já. Eu tive uma startup chamada Partiu. Foi bem traumático e duro. Foi a decisão certa, a gente fez tudo do jeito correto com as pessoas. Mas foi período de baixa e de depressão.
Aí tirei três meses pra refletir sobre o processo. Botei a cachorra no carro e fui embora pra Bahia… Teve toda a reflexão do ponto de vista pessoal do que aconteceu. Mas a reflexão técnica de empreendedorismo, sobre quais foram os gaps desse processo, foram muito valiosas para o que fazemos hoje.
🎤 Qual o pior conselho que você já recebeu?
Otávio: Coisas do tipo “vai dar tudo certo no final”. Deve ter uns 300 desses que eu já escutei. E eles são todos ruins. Porque eu acho que nisso o Andrew Grove é gênio: “só os paranóicos sobrevivem”.
Mas nesse cenário das coisas dando certo. Eu já recebi, como todo empreendedor, o conselho: “põe dinheiro pra crescer e depois você ajusta os economics da empresa”. E esse foi um conselho horroroso.
🎤 O que você faz quando está sobrecarregado ou sem foco?
Otávio: Eu saio para andar. Na minha startup anterior, criei esse hábito de voltar a pé pra casa, da Brigadeiro até a Rua dos Pinheiros. Ainda hoje, no meio do dia, às vezes saio e dou uma volta no quarteirão.
Hoje também faço escalada. É um momento bem relaxante pra mim.
🎤 Que frase você está sempre repetindo, quase como um mantra?
Otávio: Eu tenho “Life is struggle” tatuado na minha mão. Que é o capítulo do “O lado das situações difíceis”, do Ben Horowitz. E eu acho que essa é uma frase que me lembra: “é… vai doer e não é pra ser confortável”.
🎤 Bate bola, drop rápido: pra fechar, nos deixe algumas indicações..
Um livro: “O lado difícil das situações difíceis”, de Ben Horowitz. E “A marca da vitória”, de Phil Knight.
Um filme ou série: Forrest Gump.
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