Startup Máfia

A máfia das startups e seus ex-funcionários, Mosaico junta as escovas com Banco Pan, o que rolou Brasil adentro: Abler, Mandaê e Nuvemshop, Economatica e TC, G-Click e Omie, Pricefy e Selbetti, Lett..

Morning, Dropers!

Ainda faltam 3 meses para o final do ano e, segundo uma pesquisa trimestral da KPMG, o mercado de venture capital no Brasil nunca esteve tão aquecido. Tá aí o número 3 para provar…

- 35% mais startups investidas (de 147 à 226)

- 33.5 bilhões de capital investido

- 300% de crescimento do ano passado

Enquanto isso, na edição de hoje:

A máfia das startups (e ex-funcionários)

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Startups trabalham com um futuro promissor mas um presente cheio de riscos. Como acesso a capital é restrito e a competição com as gigantes é acirrada, startups usam um modelo de vesting* para compensar os baixos salários.Vesting = acordo onde um membro ganha ações de acordo com o tempo de casa.

Quando uma startup decide jogar o jogo de venture capital, investidores normalmente solicitam a criação de um pool*. Pool = 10% ou mais das ações da startup são reservadas para serem distribuídas entre os próprios funcionários.

Quando um exit* acontece, não apenas os investidores e os fundadores acabam ganhando dinheiro, mas os funcionários incluídos no pool também.Exit: um evento de liquidez como um IPO ou aquisição por uma outra empresa maior.

Estima-se que os IPOs das startups Uber, Lyft, AirBnb, Slack, Pinterest, Postmates, Palantir, de 2019/20, criaram +6mil novos milionários, além de alguns bilionários. A Califórnia, casa para a maior parte destas startups, já soma quase ~1 milhão de pessoas com +1milhão na conta bancária.

Com dinheiro na conta, experiência de criação de startups, contatos na agenda e um histórico de sucesso, boa parte destes se tornam empreendedores, o que deu início às Máfias das Startups.

Paypal Mafia

Os precursores do termo “Máfia” que, depois da venda da empresa para o eBay, seguiram empreendendo e se tornaram alguns dos homens mais ricos do mundo, incluindo:

  • Elon Musk, que dispensa apresentações, hoje é fundador e CEO da SpaceX, da Tesla, da SolarCity, da Neuralink, The Boring Co. A fortuna estimada é de U$201bi.

  • Peter Thiel, criou a empresa de venture capital Founders Fund, a startup Palantir e hoje possui uma fortuna estimada acima de U$4bi…

  • Reid Hoffman, fundou a rede social de contatos profissionais LinkedIn, que depois foi comprada pela Microsoft por U$26,2bi.

  • Steve Chen, Chad Hurley e Jawed Karim, que se conheceram no PayPal e depois deram vida ao que hoje chamamos de YouTube, que em 2006 foi comprada pelo Google por U$1,65bi.

  • David Sacks, depois de ser COO do PayPal, criou e vendeu a Yammer para a Microsoft por U$1.2bi e fundou a Craft Ventures, que já tem +6 unicórnios no portfólio (incluindo as duas abaixo).

Uber Mafia

242 startups foram criadas por ex-funcionários do Uber desde 2011. Somadas, estas startups já captaram ~U$4 bi através de 358 rodadas de investimento.A maioria destas startups ainda estão em estágios iniciais (natural, considerando que o Uber abriu capital em 2019), porém, 7 delas já são destaques:

  • CloudKitchen, a nova empreitada do polêmico founder e ex-CEO Travis Kalanick, que já tem um valuation >U$5.3bi.

  • Ike, uma startup de tecnologia para carros autônomos foi comparada pela Nuro por ~U$250mi (estimativa)

  • Modern Fertility, comprada pela Ro por U$225M.

  • rideOS, comprada pela Gopuff por U$115M.

  • Bird Rides, com planos de abrir IPO à um valuation de U$2.3B

  • BarkBox, com planos de abrir IPO à um valuation de U$1.6B

Airbnb Máfia

Apesar de ter aberto IPO há menos de um ano, ex-funcionários do AirBnb já criaram +35 startups (sendo que apenas uma delas é do ramo de viagens e turismo). Algumas delas, inclusive, já abriram até IPO:

  • Coinbase, a primeira corretora de criptomoedas a abrir capital, do fundador e CEO Brian Armstrong;

  • Wave Capital, um fundo de venture capital que levantou U$55mi para investimentos em marketplaces, especialmente as fundadas por ex-funcionários.

  • Alma, um app destinado a filantropia, já levantou uma rodada Seed liderada pela Wave Capital (acima), de U$2mi.

O peso do histórico empreendedor na decisão de um investidor, de colocar grana ou não, no seu negócio, é maior do que eles gostam de admitir. Além disso, as experiências e habilidades desenvolvidas durante a jornada de criação de uma startup até o seu IPO não são ensinadas na faculdade e nem podem ser aprendidas em livros. Como se não bastasse, o circulo de amizade desses empreendedores possui +7 dígitos na conta bancária.

O volume de IPOs, M&A e até rodadas bilionárias de investimento em startups, no Brasil, tem batido recordes consecutivos nos últimos dois anos. Será que em breve teremos nossos próprios mafiosos tropicais de laptops?

Mosaico junta as escovas com Banco Pan

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A semana passada fechou em clima de suspense enquanto o mercado tentava adivinhar quem estava por trás dos rumores de que um banco estava comprando uma empresa tech listada na bolsa. No domingo, o colunista Lauro Jardim d’O Globo desvendou o mistério e o anúncio foi antecipado: Banco Pan está comprando a Mosaico.

Mosaico (MOSI3):

A empresa dona dos sites Buscapé, Zoom e Bondfaro, que oferece ferramentas para o varejo, tais como comparador de preços, alertas de alteração de preços, ferramentas de crédito digital, cashback, dentre outros, estava patinando desde que abriu IPO em fevereiro deste ano.

A empresa viu suas ações encolherem de R$19,80 para R$12,62 no valor de fechamento de sexta-feira, atingindo um marketcap de R$1.6 bilhões. Mesmo com o capital levantado, fez apenas uma aquisição este ano, e viu o tráfego do seu site cair em +50% e o GMV (gross merchandising value) encolher ~17%.

Banco Pan (BPAN3):

Banco Pan, inicialmente fundado pelo Silvio Santos, e hoje controlado pelo banco do Dé Estevez, o BTG Pactual, está há anos se reinventando, deixando a imagem corporativa tradicional de lado e colocando uma roupagem mais cringe, mais startupeira.

O banco está pagando um prêmio de 27% sob o valor de fechamento de sexta-feira, mas isso pode mudar caso o valor das ações dobre e chegue a R$24 por 3 dias consecutivos durante os próximos 3 meses.

A jogada:

A missão de se tornar mais digital e menos burocrático do Pan já incluía a criação de seus próprios marketplaces e uma entrada mais forte no segmento de varejo. A compra da Mosaico é um atalho para chegar nesse mesmo fim, cortando um período de desenvolvimento que poderia levar anos, e agora só precisa da aprovação do CADE que deve sair em 90 dias.

Com a aquisição, a Moisaco agora pode oferecer serviços financeiros a toda sua base de clientes de 22 milhões de clientes. Por outro lado, passa a oferecer um marketplace para os seus 12.5 milhões de clientes.

O que rolou Brasil adentro

  • Abler, a RHtech que otimiza os processos de recrutamento e seleção de empresas, fecha seu primeiro aporte de R$1mi.

  • Mandaê, a logtech otimizando a logística de pequenos e médios ecommerces, foi comprada pela Nuvemshop, sua primeira aquisição pós IPO.

  • Economatica, a empresa de big data voltada para o mercado financeiro, foi comprada pela TC por R$40milhões

  • G-Click, a ferramenta de gestão de processos para PMEs, é adquirida pela Omie, o sistema de ERP online que captou ~R$600mi do SoftBank

  • Pricefy, a startup que oferece um software para gestão e otimização de PDVs, é adquirida pela Selbetti, uma das maiores integradoras de outsourcing de TI do Brasil.

  • Lett, a martech voltada para o varejo e ecommerce é adquiria pela Neogrid, em transação de R$38mi.

Contra dados não há argumentos

Os principais mafiosos e suas principais criações.

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