Morning, Dropers!

Apocalípse do Supply Chain

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Se nos últimos meses você tentou comprar o novo Xbox, ou comprou móveis para reformar sua casa, ou se entrou na fila para comprar um carro novo ou não consegue comprar um sorvete no MacDonalds… então você já sentiu alguns dos efeitos negativos do inferno da cadeia de suprimentos.

Como a maioria de nós não passa o dia estudando a complexidade de um sistema global hiper-conectado e interdependente, hoje vamos tentar explicar como chegamos até aqui…

De um lado, a demanda…

Depois de quase dois anos trancados dentro de casa trabalhando de pijamas, alguns pacotes de auxílios do governo no bolso, a maior parte das lojas e comércios reabindo e o período de festas e presentes se aproximando, a população mundial está (quase) finalmente livre para quebrar o porquinho e gastar tudo o que foi economizado. A demanda por produtos e serviços voltou aos níveis altos pré-pandemia e conforme a vacinação aumenta, a tendência é os gastos acompanharem e atingirem recordes históricos.

Do outro lado, a oferta…

É do lado dos fornecedores que a bagunça começa a ficar complexa. Alguns dos principais fatores que nos trouxeram até aqui incluem:

• Escassez de mão de obra: altos preços dos combustíveis, greves dos caminhoneiros, trabalhadores se recusando a voltar ao trabalho nos EUA, falta de motoristas no Reino Unido…

• Fechamento de fábricas: principalmente nos países asiáticos, seja pelo COVID ou por guerras comerciais, já desligaram algumas indústrias por completo e mudaram as projeções de lucro de empresas como a Nike…

• Fechamento dos portos: não somente por que um navio cargueiro entalou no canal Suez e parou o mundo mas também por que os portos em geral sofrem do mesmo mal das fábricas, e grande parte deles continuam com fechamentos esporádicos…

• Redução de voos: metade das mercadorias transportadas voam junto com passageiros em rotas comerciais. Como a indústria aérea ainda não voltou ao padrão anterior, há falta de aviões para transporte das cargas…

• Deficiências de infraestrutura: estrutura física para atender toda essa movimentação ainda é precária e concentrada em poucos players. Caso estes sofram alguma pausa inesperada, toda a cadeia também fica parada.

• Crise energética: como se não fosse motivo o suficiente, a China entrou numa crise energética que forçou o corte e racionamento do uso de energia tanto para fins pessoais quanto comerciais ao redor de todo o país.

No meio, nós…

Empresas e empreendedores precisam revisar o forecasting de faturamento, principalmente na indústria de bens de consumo e ou dependentes de matéria-prima física vinda da ásia (chips, por exemplo). Os meros mortais devem sofrer com o aumento do preço de produtos e serviços, além da escassez dos mesmos nas prateleiras. A falta de chips deve causar prejuízo na cada dos U$120bilhões, 80% das fábricas da Nike no Vietnam estão fechadas, e a fila de navios aguardando para aportar seus containers já atingiu máxima histórica……como disse o WSJ, o Papai Noel pode chegar atrasado este ano.

O que rolou mundo afora

• Walby Parker: uma das pioneiras no modelo D2C, estréia na bolsa via direct listing, atingindo um valuation de U$6bi. A empresa com receita de $487 mi, continua crescendo 33% YoY mas, gastando 20% disso para adquirir novos clientes, nunca teve lucro.

• Zoom: fez uma oferta para comprar a empresa de softwares para call center Five9 por U$14.7bi em uma transação paga com ações. Ontem, os shareholders da Five9 rejeitaram a oferta, depois que as ações do Zoom caíram ~30%, e acabaram com as negociações.

• Eminem: o rapper, abriu a primeira loja da sua marca de restaurantes “Mom's Spaguetti” no centro de Detroid - EUA.

• Apple: será multada uma segunda vez pelo Procon-SP por não incluir carregadores nos novos iPhones 13.

Amplitude: o moneyball dos softwares.

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Se dados são o novo óleo, o Amplitude é a nova Petrobras. A startup que tirou a intuição e o achismo do processo de desenvolvimento e crescimento de produtos agora está listada na Nasdaq com um valuation de U$7bi. Mas, bora entender como ela chegou até aqui?

Fase 1 - o pivot

Em 2012 quando passou pelo programa de aceleração da YCombinator, o seu primeiro produto, Sonalight, era uma versão Siri para Android que permitia o envio de mensagens de voz. Para entender como os usuários estavam usando o app, eles desenvolveram um programa de coleta e análise de dados e comportamento do usuário. O Sonalight não decolou, mas o interesse pelo programa de análise sim…Lição: a maioria dos produtos bem sucedidos não são exatamente o que os founders tinham em mente quando tiraram do papel.

Fase 2 - o growth

Nasce o Amplitude, um SaaS que oferece análises de produtos online, em outras palavras, startups que oferecem um software e precisam coletar dados de uso (funcionalidades mais acessadas, caminhos percorridos, tempos de sessão, retenção de usuários, churn…) e transformá-los em inteligência competitiva, deveriam estar usando o Amplitude. Qualquer semelhança com o filme Moneyball (“O homem que mudou o jogo”), onde dados e estatísticas eram usados para ganhar jogos de baseball, é mera coincidência. Os fundadores passaram novamente pela YCombinador em 2014 e saíram com um cheque da Benchmark Capital.Lição: mais do que exercer a sua vontade, ouça o que os seus clientes e o que os dados estão te dizendo.

Fase 3 - o exit

Ao contrário das previsões, a pandemia só colocou mais lenha na fogueira e a empresa que se preparava para o pior dos cenários viu sua receita crescer em 50% no ano passado, chegando a U$103mi/ano. No primeiro semestre de 2020, reportou uma receita de U$72mi (56% de crescimento).Ontem o Amplitude estreiou na Nasdaq via direct listing - uma alternativa ao tradicional IPO onde os shareholders podem vender as ações já no primeiro dia e também elimina o roadshow onde investidores institucionais definem e compram as ações a um preço inferior antes da estréia oficial.Lição: da próxima vez que um investidor disser que você não deve competir com o google, troque de investor.

O que rolou Brasil adentro

• Trackage, a startup que otimiza processos de logística para grandes marcas como DHL, 3M e Whirlpool, fecha captação de R$6mi liderada pela DOMO.

• Todas Group, a comunidade onde mulheres líderes podem se conectar, aprender, estudar e serem mentoradas, capta seed round de R$1mi.

• HiPlatform, a plataforma de customer experience journey, fechou um aporte de R$35milhões liderado pela XMS.

• tembici, a startup de microbilidade urbana (leia-se, bikes compartilhadas do Itaú), levantou R$420mi e planeja avançar no ramo de bikes elétricas.

• Wise Hands, a startup que tem como foco soluções inovadoras que promovem acessibilidade por meio da tecnologia, captou R$1,25 mi em rodada liderada pelo fundo de corporate venture Feluma

Contra dados não há argumentos